quarta-feira, 7 de março de 2012

A DISSONÂNCIA DAS POLÊMICAS

Os destinos de MARGARIDA SCHIVASAPPA, VILLA-LOBOS e GETÚLIO VARGAS cruzam-se de forma harmônica, mas também polêmica. Exemplar pupila do famoso maestro e nomeada pelo Presidente Vargas para ser uma das disseminadoras do ideal educacional da época, MARGARIDA semeou na Amazônia as bases do Canto Orfeônico. A prática musical, no entanto, tem em sua partitura histórica algumas notas de controvérsia.

As décadas de 30 e 40 foram marcadas por intensa atividade educativa. Ao mesmo tempo, VILLA-LOBOS promoveu grandes manifestações orfeônicas nas datas cívicas, sob o argumento de disseminar o método. O trabalho, todavia, estava fortemente ligado ao regime totalitário da época.

Alguns pesquisadores afirmam que, para o governo de GETÚLIO VARGAS, a aposta no canto orfeônico como ferramenta educacional era uma excelente forma de propaganda, através da qual se fiava legitimação.  Os regimes de força, afirmam vários historiadores, frequentemente têm uma percepção apurada do poder arrebatador da música sobre as massas. Dessa forma, é frequente a crítica de que o trabalho pedagógico do criador da Bachianas, método seguido por SCHIVASAPPA, estava a serviço de uma causa política e não educacional.

Nem todos os pesquisadores sobre o tema, entretanto, concordam com este ponto de vista e julgam que o envolvimento do compositor com a Ditadura Vargas foi apenas uma circunstância favorável aos seus objetivos musicais e que o aspecto propagandístico e cívico não mereceria maior importância. O que igualmente tornaria isento desse viés o comprometimento de MARGARIDA.  

HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS

O ideal do Canto Orfeônico tem suas raízes na França. No início do século XIX, o canto coletivo era uma atividade obrigatória nas escolas municipais de Paris e o seu desenvolvimento propiciou o aparecimento de grandes concentrações orfeônicas que provocavam o entusiasmo geral. Na época, o sucesso desse empreendimento foi tal que surgiu até mesmo uma Imprensa Orfeônica.

O canto orfeônico tem características próprias que o distinguem do Canto Coral dos conjuntos eruditos. Trata-se de uma prática da coletividade em que se organizam conjuntos heterogêneos de vozes e tamanho muito variável. Nesses grupos não se exige conhecimento musical ou treinamento vocal dos seus participantes. Por outro lado, o canto coral erudito exige não só conhecimento musical e habilidade vocal, como também vozes rigorosamente distribuídas e um rigor técnico-interpretativo mais elevado.

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