Os destinos de MARGARIDA SCHIVASAPPA, VILLA-LOBOS e
GETÚLIO VARGAS cruzam-se de forma harmônica, mas
também polêmica. Exemplar
pupila do famoso maestro e
nomeada pelo Presidente Vargas para
ser uma das disseminadoras do ideal educacional
da época, MARGARIDA semeou na Amazônia
as
bases do Canto Orfeônico. A
prática musical, no entanto, tem em sua partitura histórica algumas notas de
controvérsia.
As décadas de 30 e
40
foram marcadas por intensa atividade educativa. Ao
mesmo tempo, VILLA-LOBOS promoveu
grandes
manifestações orfeônicas
nas datas cívicas, sob o argumento de
disseminar o método. O trabalho, todavia, estava fortemente ligado ao regime totalitário da
época.
Alguns
pesquisadores afirmam que, para o governo de GETÚLIO
VARGAS, a aposta no canto
orfeônico como ferramenta educacional era
uma excelente forma de propaganda, através da qual se fiava
legitimação. Os regimes de força,
afirmam vários historiadores, frequentemente
têm uma percepção apurada do poder arrebatador da música sobre as massas. Dessa
forma, é frequente a crítica de que o trabalho pedagógico do criador da Bachianas,
método seguido por SCHIVASAPPA, estava
a serviço de uma causa política e não educacional.
Nem todos os pesquisadores sobre
o tema, entretanto, concordam com este ponto de vista e julgam que o envolvimento
do compositor com a Ditadura Vargas foi
apenas uma circunstância favorável aos seus objetivos musicais e que o aspecto
propagandístico e cívico não mereceria maior importância. O que igualmente
tornaria isento desse viés o comprometimento de MARGARIDA.
HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS
O ideal do Canto Orfeônico tem
suas raízes na França. No
início do século XIX, o
canto coletivo era uma atividade obrigatória nas escolas municipais de Paris
e o seu desenvolvimento propiciou o
aparecimento de grandes concentrações orfeônicas que provocavam o entusiasmo
geral. Na época, o sucesso desse empreendimento foi tal que surgiu até mesmo
uma Imprensa Orfeônica.
O canto orfeônico tem
características próprias que o distinguem do Canto Coral dos
conjuntos eruditos. Trata-se de uma prática da coletividade em que se organizam
conjuntos heterogêneos de vozes e tamanho muito variável. Nesses grupos não se
exige conhecimento
musical ou treinamento vocal dos
seus participantes. Por outro lado, o canto coral erudito exige não só
conhecimento musical e habilidade vocal, como também vozes rigorosamente
distribuídas e um rigor técnico-interpretativo mais elevado.
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