quarta-feira, 7 de março de 2012

O TIMBRE QUE MARGARIDA DEFENDEU


MARGARIDA SCHIVASAPPA foi uma grande pioneira na defesa e difusão, na Amazônia, da prática do Canto Orfeônico como ferramenta pedagógica. Mas você sabe o que é, afinal, essa técnica?

Um dos maiores compositores do Século XX, HEITOR VILLA-LOBOS sempre sonhou em deixar para a posteridade, além de sua gigantesca obra musical, algo que definitivamente contribuísse para melhorar o nível intelectual e musical do povo brasileiro. Na década de 1940, o autor das Bachianas Brasileiras teve a oportunidade de implantar, tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo, o Programa Canto Orfeônico, um compêndio educacional destinado às escolas, através do qual um grande número de estudantes poderia ter acesso à cultura musical europeia. Muitos dos grandes músicos de hoje despertaram sua vocação nestas salas de aula. MARGARIDA foi justamente uma dessas pupilas


Leia mais sobre a relação da artista paraense com o grande mestre da música nacional no post OS ACORDES DE VILLA-LOBOS FAZEM PARTE DA NOSSA TRILHA.


De acordo com os pesquisadores e estudiosos, o Canto Orfeônico seria uma metodologia importante para auxiliar na alfabetização musical de adultos e no desenvolvimento artístico na infância.

Considerado o maior Movimento de Educação Musical de massas já ocorrido no Brasil, a técnica ligava-se ao ideário escolanovista e teve sua imagem profundamente ligada ao governo de Getúlio Vargas. Foi durante o Estado Novo que a modalidade se constituiu enquanto movimento, tendo à frente VILLA-LOBOS.

A dinâmica popularizou-se fortemente nos anos 30, 40 e 50. Eventos em torno do gênero tornaram-se célebres e agrupavam verdadeiras multidões em espaços públicos. Na capital paraense, SCHIVASAPPA chegou a reger um coral de com mil e quinhentos estudantes da rede pública. A apresentação aconteceu na Praça da República.

Alguns historiadores, no entanto, criticam a disseminação que tal estudo ganhou na era Vargas. O tom nacionalista adotado nas apresentações, para muitos, tinha como meta afastar o olhar público para as crises e desmandos da gestão de GETÚLIO.

O assunto pode ser, hoje em dia, facilmente pesquisado em várias fontes. A obra Canto Orfeônico no Pará, de Vicente Salles, relata dois momentos da prática deste ensino na cidade de Belém, capital do Estado do Pará. O primeiro marca a experiência pioneira do pianista e compositor CLEMENTE FERREIRA JÚNIOR, no ano de 1898. O segundo foi exatamente a fase desempenhada pela mestra MARGARIDA SCHIVASAPPA, que recebeu bolsa de estudos para frequentar o curso para professores ministrado no Rio de Janeiro por HEITOR VILLA-LOBOS e voltou para implantar no Pará essa experiência pedagógica.

Trabalho inspirado na obra MARGARIDA SCHIVASAPPA – A PRIMEIRA DAMA DO TEATRO PARAENSE, do pesquisador ANTÔNIO PANTOJA


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