Entre 1927 e 1946, muita coisa vai suceder a nossa música popular. Foi um período tão rico que chegou a ser
alcunhado pelos historiadores de "idade de ouro". No ano de 1930 - ou talvez um pouco antes - a Música Popular
Brasileira dá por inaugurada toda uma década. Dois motivos essenciais
determinaram tal guinada. Primeiramente, a mudança do sistema de gravação
mecânica para a gravação elétrica, o que permitia o registro fonográfico de vozes de curta extensão, mas
cheias de malícia que o samba exigia. O segundo motivo foi o aparecimento e a
espantosa expansão do primeiro veículo de comunicação de massa, o rádio, estimulado em seu desenvolvimento pelo novo
governo GETÚLIO VARGAS, que nele viu um oportuno fator de integração
nacional. E também de esperta consolidação política do seu governo.
A cada mês o número de músicas, compositores e intérpretes crescia. Personagens que fizeram a própria integração nacional através do mito de suas vozes e letras levadas de ponta a ponta ao Brasil pelo milagre das ondas transmitidas sem fios.
Entre tantos, destacam-se Carmem Miranda e Mário Reis, os cantores que foram fruto direto do milagre do microfone a partir de 1930, já que suas vozes de curta extensão puderam registrar toda a malícia e bossa da música popular.
Logo a seguir apareceram o seresteiro Sílvio Caldas e o meteórico mais genial sambista Luís Barbosa; o ex-alfaiate Carlos Galhardo, que se consagraria como cantor romântico apesar de iniciar-se com Boas Festas de Assis Valente (1933) ; o hoje esquecido Patrício Teixeira, grande sucesso de época; o iluminado Orlando Silva, que a partir de 1936 acendeu a mais forte luz que a MPB já terá conhecido até hoje, pelo menos na sua época de apogeu (1935-1945); as cantoras Marília Batista e Araci de Almeida, sempre disputando a preferência de Noel; o casal 20 que foi Odete Amaral e Ciro Monteiro; e ainda as irmãs Batista (Linda e Dircinha). E tantos e tantos outros que acabaram injustamente esquecidos.
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